Robert Waseige foi o primeiro treinador do presidente Roquette e co-responsável pela estreia do Sporting na Champions. “Sabe a idade que tenho?” pergunta o belga, que acaba de fazer 68 anos e está há três na reforma.
RECORD – Continua ligado ao futebol?
ROBERT WASEIGE – Não. Sabe a idade que tenho? Acabei de fazer 68 (n.d.r. – a 26 de Agosto) e há três que estou na reforma. Decidi que era o momento certo para retirar-me, até porque já tinha tido alguns problemas de coração, que me obrigaram a ser operado. Quando? Há cinco anos.
R – Parte desses problemas foram causados pela experiência no Sporting?
RW – [risos] Não, de modo algum! Guardei boas recordações da minha passagem pelo Sporting. E a minha mulher também. O problema era a barreira linguística. Fizemos um curso, em casa, durante as tardes, com o apoio de uma professora, mas nunca conseguimos dominar o básico. Com isso, acabava por não compreender o que os jogadores me diziam. Teria sido quase impossível continuar perante estas condições. Em futebol, é essencial um treinador saber comunicar e fazer-se compreender. Quando isso não acontece?.
R – A esse nível, que tipo de apoio tinha de Octávio Machado?
RW – O Octávio Machado era o meu adjunto. Ele conhecia, talvez, entre 20 a 50 palavras em francês, e esforçava-se por ajudar, na medida do que lhe era possível. A questão é que ele não podia ser meu tradutor. Entendi a complexidade daquela situação e penso que o melhor foi sair.
R – Em algum momento sensibilizou os dirigentes para a necessidade de ter junto de si alguém que pudesse fazer esse papel? Alguma vez pediu um tradutor para trabalhar consigo?
RW – Não. Conversei uma vez com os dirigentes mas disseram-me que não era preciso, porque tinha o director desportivo, que era o Luís Norton [de Matos], e o secretário técnico, o Carlos [Janela], e ambos falavam bem francês. Isso até era verdade, mas o problema é que eles trabalhavam em gabinetes e não eram pessoas do terreno.
R – Foram essas dificuldades com o português que ditaram a sua saída, ao fim de 16 jogos?
RW – Como disse, o Sporting foi uma boa experiência na minha carreira. Mas compreendi que há coisas contras as quais não se pode lutar. Nesse caso, que é impossível treinar uma equipa quando não se entende a língua dos jogadores.
R – Que imagem guarda do Sporting?
RW – Depois de ter passado pelo Sporting tornei-me um fervoroso adepto de Portugal. Não fiquei surpreendido pelo sucesso que teve nos últimos anos, porque já o tinha antecipado aos meus amigos. O Sporting comparo-o a um grande paquete de luxo. É um barco muito grande, um clube com muitas modalidades, muitos departamentos e centenas de funcionários. Eu não conheci mais de dez. Não tive tempo de conhecer tudo. Mas do que vi, guardei boa impressão. Desde logo do restante staff técnico e médico, que eram muito bons. O preparador físico, de quem não recordo o nome (n.d.r. – Rui Oliveira), era formidável.
RECORD – Continua ligado ao futebol?
ROBERT WASEIGE – Não. Sabe a idade que tenho? Acabei de fazer 68 (n.d.r. – a 26 de Agosto) e há três que estou na reforma. Decidi que era o momento certo para retirar-me, até porque já tinha tido alguns problemas de coração, que me obrigaram a ser operado. Quando? Há cinco anos.
R – Parte desses problemas foram causados pela experiência no Sporting?
RW – [risos] Não, de modo algum! Guardei boas recordações da minha passagem pelo Sporting. E a minha mulher também. O problema era a barreira linguística. Fizemos um curso, em casa, durante as tardes, com o apoio de uma professora, mas nunca conseguimos dominar o básico. Com isso, acabava por não compreender o que os jogadores me diziam. Teria sido quase impossível continuar perante estas condições. Em futebol, é essencial um treinador saber comunicar e fazer-se compreender. Quando isso não acontece?.
R – A esse nível, que tipo de apoio tinha de Octávio Machado?
RW – O Octávio Machado era o meu adjunto. Ele conhecia, talvez, entre 20 a 50 palavras em francês, e esforçava-se por ajudar, na medida do que lhe era possível. A questão é que ele não podia ser meu tradutor. Entendi a complexidade daquela situação e penso que o melhor foi sair.
R – Em algum momento sensibilizou os dirigentes para a necessidade de ter junto de si alguém que pudesse fazer esse papel? Alguma vez pediu um tradutor para trabalhar consigo?
RW – Não. Conversei uma vez com os dirigentes mas disseram-me que não era preciso, porque tinha o director desportivo, que era o Luís Norton [de Matos], e o secretário técnico, o Carlos [Janela], e ambos falavam bem francês. Isso até era verdade, mas o problema é que eles trabalhavam em gabinetes e não eram pessoas do terreno.
R – Foram essas dificuldades com o português que ditaram a sua saída, ao fim de 16 jogos?
RW – Como disse, o Sporting foi uma boa experiência na minha carreira. Mas compreendi que há coisas contras as quais não se pode lutar. Nesse caso, que é impossível treinar uma equipa quando não se entende a língua dos jogadores.
R – Que imagem guarda do Sporting?
RW – Depois de ter passado pelo Sporting tornei-me um fervoroso adepto de Portugal. Não fiquei surpreendido pelo sucesso que teve nos últimos anos, porque já o tinha antecipado aos meus amigos. O Sporting comparo-o a um grande paquete de luxo. É um barco muito grande, um clube com muitas modalidades, muitos departamentos e centenas de funcionários. Eu não conheci mais de dez. Não tive tempo de conhecer tudo. Mas do que vi, guardei boa impressão. Desde logo do restante staff técnico e médico, que eram muito bons. O preparador físico, de quem não recordo o nome (n.d.r. – Rui Oliveira), era formidável.
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