Depois de Ronny e Yannick foi a vez de Miguel Veloso se evidenciar no Sporting 2006/07. O internacional sub-21 destacou-se como médio defensivo frente ao Inter, mas Paulo Bento, num discurso que lhe é característico deste o início, não entra em destaques individuais. Para o técnico a equipa está, sempre, em primeiro lugar.
«Penso, com todo o respeito, que esses são mais os vossos destaques. Não são os meus destaques. O meu destaque é a equipa do Sporting. Essa sim tem-se destacado. Prova disso são os jogos que colectivamente temos realizado. Até aqui destaco o grupo, a equipa, a organização, a solidariedade que temos demonstrado até aqui e que seguramente vamos demonstrar já amanhã. Aqui há uma equipa. Logicamente que individualmente os jogadores vão demonstrando o seu valor em função do rendimento colectivo. Agora o que se destaca no Sporting é a equipa, pois nós valorizamos mais o fazemos colectivamente do que o possamos fazer individualmente», afirmou.
Veloso mereceu a confiança de Paulo Bento frente ao Inter. O técnico sorriu e soltou: «Ele e os outros 10 que lá coloquei. Tinha que pôr 11 em campo.» «O Sporting tem um grupo oriundo da sua formação e jogadores mais experientes e com outra maturidade. Foi esse conjunto que permitiu sempre jogar da forma como jogámos. O Miguel logicamente é um desses jogadores, como é o Nani, o Moutinho e o Yannick que têm 20 anos, e tiveram num momento do jogo juntos dentro do relvado contra o Inter, mas tiveram com outros jogadores com mais maturidade. Isso é importante para eles também», destacou.
O treinador diz que não está surpreendido com a exibição de Miguel Veloso, mas admite que não esperava que este desse nas vistas tão cedo: «Não me surpreende pela forma como ele está envolvido na equipa. A equipa permite que alguns jogadores possam expor as suas qualidades com maior tranquilidade. Agora em termos de qualidade de jogador não me surpreende, pois já tinha dito que acreditava nele e que ao longo do ano nos iria ser de grande utilidade. Admito, sem qualquer tipo de problema, que foi mais cedo do que aquilo que nós pensávamos. Mas, o que fez neste jogo não é mais do que o que tinha feito nos treinos e em jogos particulares, dai que quando se treina bem é mais fácil jogar bem.»
Paulo Bento defende a máxima que um «treinador tem dúvidas mas que baralhado é que é mais complicado», mas não considera um problema a evidência de Miguel Veloso nos dois últimos jogos, principalmente frente ao Inter: «A mim não me deu um problema, deu-me mais uma solução. Não é problema nenhum ter os 23 jogadores disponíveis para jogar. O problema é agora com as lesões.»
Sem psicólogo a trabalhar com a equipa, é evidente a coesão de discurso que existe entre o treinador do Sporting e os seus pupilos. Ao ouvir Bento nota-se que algumas das suas ideias são proferidas noutros tons e por caras mais jovens. Sem discurso ensaiado, nem cópias como TPC, o técnico fala, animadamente, da empatia que existe no grupo: «Psicólogo não temos. Posso fazer um pouco disso, mas não temos. Não passo trabalhos de casa para os jogadores¿ Nada disso. Falo com os jogadores com a maior simplicidade, tranquilidade e frontalidade possíveis. Há uma definição de objectivos que sabemos que só poderemos alcançar se formos equipa e eles acreditam nisso, por se for só eu a dizer e eles a não acreditar não adianta nada.»
Na hora de colocar na conversa a proximidade de idades entre treinador e jogadores Paulo Bento rouba uma gargalhada geral. «Há uma aproximação com alguns. Com o Moutinho e o Nani é quase o dobro da idade. Fui foi treinador deles nos juniores, mas a diferença de idades é grande. É uma diferença de quase 20 anos. Quase que poderiam ser meus filhos? Quase, quase...», disse entre sorrisos rasgados o técnico que tem... 37 anos.
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